Previdência privada vale à pena?

Quando passamos a nos preocupar um pouco mais com o longo prazo, surgem inúmeras dúvidas sobre como podemos nos preparar para um futuro tranqüilo. Dentre as várias opções que surgem, uma bastante comum é a tal da previdência privada. Sem a pretensão de afirmar o que é melhor para o seu caso específico, busco aqui te apresentar os principais pontos que você precisa entender antes de optar por um produto como esse.

O QUE VOCÊ PRECISA ENTENDER?

A lógica da previdência privada é a de que você contribuía durante um período da vida para posteriormente poder usufruir desses valores.

– Por trás de toda previdência existe um Fundo, que é onde o seu dinheiro é investido efetivamente. Cada fundo tem as próprias regras, taxas e outras minúcias. Qualquer fundo que entregue uma rentabilidade menor que 100% do CDI não é um bom negócio para um investimento de longo prazo, como a previdência.

– Esteja atento à estratégia de investimento adotado por esse fundo, pois quando você escolhe uma previdência, está de antemão concordando com a estratégia adotada pelos gestores do fundo.

– Se no meio do caminho você perceber que sua previdência não atende a suas expectativas de investidor, você pode realizar a portabilidade, escolhendo outro produto na mesma instituição ou até mesmo mudando de banco ou corretora. Lembrando que corretoras costumam ter opções mais interessantes para esse tipo de produto.

Vantagens da previdência privada:

· Comodidade na aplicação, pois é possível programar aportes mensais automáticos.

· Não possuem come cotas, ou seja, a tributação é apenas no resgate.

· Podem ser portabilizados sem nenhuma taxa adicional.

· Em caso de falecimento, esse valor não entra no inventário e não há cobrança do ITCM – Imposto de Transferência de Causa Mortis.

· Se utilizada estrategicamente, a previdência pode ser uma importante ferramenta para o planejamento sucessório.

· Os aportes são atualizados automaticamente pela inflação.

Pontos de atenção:

· A rentabilidade do passado não garante que seu fundo terá uma boa rentabilidade no futuro, por isso é sempre importante que você acompanhe os números do seu plano.

· Esteja atendo à estratégia de investimento dos fundos nos quais deseja aportar os seus recursos, pois existem os mais conservadores e arrojados. Lembre-se que por traz de toda promessa de lucratividade existe o risco do investimento.

· Antes de contratar seu plano, tenha certeza de que entendeu todas as regras e taxas incluídas na sua escolha. Lembre-se que planos de previdências costumam ter taxas não tão atrativas.

· Previdência privada costuma ter uma baixa liquidez.

TIPOS BÁSICOS DE PREVIDÊNCIA:A CORPORATIVA E A INDEPENDENTE.

Previdência corporativa, aquela “da firma”: para acessar esse tipo de previdência com a modalidade de “co-participação”, você precisa ter vínculo empregatício com a empresa. Nesse formato, a empresa investe a mesma quantidade que você para seu plano de aposentadoria, assim, o seu investimento já dobra logo de cara!

O risco desse tipo de previdência é que existe uma série de condições para que você acesse esses valores e na maioria dos casos, essas condições estão ligadas à sua permanência na empresa.

Conhecer esse risco vai te dar clareza na decisão de investir ou não nessa previdência, porque se a sua intenção não for ficar um bom tempo na empresa, o investimento pode não fazer sentido.

Previdência privada independente: O acesso a essas previdências acontece por meio de corretoras e seguradoras e precisa de uma análise mais minuciosa. Elas existem em duas modalidades básicas: a PGBL e a VGBL.

1 – PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre: indicado para quem faz a declaração completa do imposto de renda, pois o IR vai incidir sobre o montante total (considerando o que você depositou somado ao rendimento). Essa escolha faz sentido quando a pessoa for celetista, ou seja, trabalhar com carteira assinada, porque as contribuições que você fez ao longo do ano podem ser deduzidas do montante a ser tributado no imposto de renda até certo limite (benefício fiscal).

2- VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre: Nessa modalidade o IR incide apenas sobre os rendimentos. É indicado para quem faz a declaração simplificada, é isento da declaração do imposto de renda ou tem dúvidas de como faz a declaração. Na hora de escolher, se ainda tiver dúvida, opte pelo VGBL, pois o IR só será pago sobre o rendimento e quando for realizar o saque.

TRIBUTAÇÃO

Você também pode escolher a forma de tributação da sua previdência: a progressiva e a regressiva. Para essa escolha, esteja atento ao horizonte de tempo do investimento, pois é isso que vai te ajudar a decidir.

– Tributação progressiva: a alíquota varia de acordo com o valor, onde valores menores pagam alíquotas menores.

– Tributação regressiva: é indicada para quem quer fazer o uso desse dinheiro em um prazo de tempo mais longo, pois quanto mais tempo o seu dinheiro estiver aplicado, menor será a tributação, podendo chegar à alíquota mínima de 10% de IR.

COMO ACONTECE O RECEBIMENTO?

No momento de contratação do seu plano você pode escolher entre o saque do montante total, que é quando a partir de determinado tempo, você pode sacar o montante acumulado e geri-lo como achar melhor. Ou então pode optar pela “renda vitalícia”, onde a instituição financeira continua gerindo esse recurso e passa a lhe pagar um “salário” mensal proporcional e de acordo com o estipulado em contrato.

MAS NO FINAL DAS CONTAS, PREVIDÊNCIA PRIVADA VALE À PENA?

Como você pode perceber, essa resposta depende de uma série de fatores. Antes de pensar no produto ideal, é importante que você defina qual estratégia pretende adotar para se preparar para o seu futuro. Por essa razão, deixo aqui alguns conselhos adicionais para sua escolha:

· Quando for pensar no longo prazo, a preocupe-se em formar um patrimônio que esteja salvo da inflação.

· Seja sempre realista, especialmente com a sua capacidade de poupar e de se manter fiel à sua estratégia. Ela precisa ser sustentável.

· Estabeleça metas, tanto de investimento mensal quanto de investimento extra. Esses valores serão importantes na formação do seu patrimônio para o futuro.

· Seja flexível, os objetivos e a vida mudam, por isso é tão importante se manter próximo a um bom planejamento.

· Não existe fórmula mágica, então faça o seu melhor e esteja disposto a criar correções ao longo do caminho.

· O longo prazo exige uma carteira diversificada e isso inclui um pouco de risco devidamente calculado.

· Caso opte por uma previdência, analise os fundos e avalie qual risco e retorno que te deixam mais confortável no longo prazo. Assim você terá muito mais chance de acertar.

Espero que a partir dessas informações você já consiga estar muito mais preparado para sua escolha!

E lembre-se: a previdência privada é um produto que pode ou não compor a sua estratégia de aposentadoria. Um bom planejamento financeiro vai te dar maior clareza sobre a importância ou não desse produto para o seu caso específico.

Até a próxima!

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